A psicóloga Adriana Zanonato esclarece dúvidas sobre ansiedade de separação
Por Paula Tweedie
O que é ansiedade de separação?
Ansiedade de Separação é a forma de ansiedade mais comumente manifesta em crianças. Toda criança pode sentir, em alguns momentos, esse tipo de ansiedade, quando esteja vivenciando ou pressentindo a possibilidade de ficar longe de seus pais ou cuidadores principais. Dentro de certos limites pode ser considerado normal que crianças reajam com alguma ansiedade ao afastamento de seus familiares. Mas passamos a falar em um Transtorno de Ansiedade de Separação quando a intensidade e a frequência com que se manifestam esses sintomas passam a dificultar significativamente a vida da criança e da sua família.
Que manifestações caracterizam um Transtorno de Ansiedade de Separação?
Em primeiro lugar, a intensa dificuldade em aceitar separar-se da mãe ou de outros cuidadores importantes – quer estar sempre junto, reage intensamente quando afastada. Quando frequenta a escola, pode passar a não querer mais entrar em aula, bem como evita visitar amigos, frequentar aniversários ou mesmo casa de outros familiares. Reage com grande angústia quando forçada a fazer uma dessas atividades, chorando ou brigando com grande emoção. Pode ter uma crise de ansiedade quando percebe-se longe de suas fontes de segurança. Quando sua mãe ou alguma outra pessoa importante para ela está fora, trabalhando ou viajando, pode tentar controlar a situação telefonando uma infinidade de vezes para saber onde está e falar de sua angústia. Costumam não querer dormir sozinhas, exigindo a presença de alguém sempre ao lado em seu quarto. Algumas crianças sentem tão intensamente a separação que chegam a manifestar sintomas clínicos como febre, vômito, dor de estômago ou cefaléia. Em torno de 4% das crianças podem apresentar esse tipo de transtorno em algum momento da infância. A ansiedade das crianças com esse transtorno pode comprometer seu relacionamento com as outras crianças e/ou seu aprendizado escolar.
Quais são as preocupações mais comuns dessas crianças?
O pensamento dessas crianças está sempre focado em algum tipo de tragédia que possa acontecer com as pessoas importantes de sua vida: acidentes de carro, assaltos e sequestros são os mais comuns. Também costumam ter fortes pesadelos com esses temas envolvendo seus familiares, o que acentua seus medos de dormir à noite. Preocupações com a morte e o morrer são bastante frequentes. Todos os temas têm em comum o fato de que, no caso de acontecer algo de verdade, a criança poderia se sentir sozinha e desamparada no mundo. Algumas vezes são temores bem mais simples, como o medo de ser esquecida na escola, perder-se em algum lugar mais amplo ou ficar doente e não ter alguém para cuidá-la.
Algumas pessoas entendem essas manifestações como “manhas” ou “tentativas de manipulação” da criança, propondo que sejam desconsideradas. O que pensa sobre isso?
Na verdade, essas crianças vivenciam um grande e verdadeiro sofrimento. Sua forma de pensar, sempre muito negativa e catastrófica, leva-as a sentirem intensa angústia, tristeza ou raiva por sentirem-se desatendidas ou incompreendidas. Não devemos de nenhuma maneira desconsiderar o que elas estão sentindo, mas sim ouvi-las com atenção e tratar de ajudá-las com a máxima presteza. A cronificação de um Transtorno de Ansiedade de Separação poderá determinar comprometimento importante no desenvolvimento de uma criança. Quando o apoio afetivo e o cuidado amoroso forem insuficientes para tranquilizar a criança, estaria indicada a procura de atendimento profissional.
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