quarta-feira, 16 de maio de 2012

Fobias & medos

 
 
Por Paula Tweedie
O que é fobia?
A fobia se caracteriza por um medo excessivo, ligado à presença ou previsão de se defrontar com o objeto ou situação temida (estímulo fóbico). Envolve um temor não justificado, frequentemente levando a evitação do contato com o estímulo fóbico. Em algumas situações a presença do objeto pode ser tolerada, embora com acentuada ansiedade. Quanto ao estímulo fóbico, este pode envolver animais, situações do ambiente natural, dentre outros.

A que estão ligadas as fobias infantis?
A fobia infantil está ligada a um medo irracional acerca de objetos ou situações circunscritas. Nas crianças, diferentemente do que ocorre com adultos e adolescentes, o caráter irracional e excessivo do medo pode não ser reconhecido.
Em termos de desenvolvimento da fobia, normalmente se destacam três caminhos: (1) a experiência direta, através da qual o indivíduo vivencia alguma situação ameaçadora envolvendo o objeto ou situação em questão; (2) a experiência indireta, por meio da qual se observa este comportamento exagerado em outras pessoas e, por último (3) o aprendizado por informação e instrução, o qual se dá no contato com histórias e informações negativas relacionadas ao estímulo fóbico.

Como identificar a criança que tem fobia? Como perceber que a criança não tem apenas medo, tem fobia em relação a algo?
A criança que tem fobia tende a apresentar intenso comportamento de evitação, esquivando sistematicamente das situações e/ou objetos temidos. Além disso, apresenta elevada ansiedade antecipatória diante da possibilidade de se deparar com o objeto ou situação. Diferentemente dos medos comuns de determinadas faixas etárias, os medos fóbicos persistem por longo tempo e causam um grande impacto na vida do indivíduo.

Quais são as fobias infantis mais comuns?
A fobia referente ao ambiente natural, como é o caso de medo de chuva, está entre as mais frequentes.

Como as fobias podem ser tratadas?
As fobias são tratadas através de psicoterapia, envolvendo, normalmente, estratégias que incluem a exposição ao objeto ou à situação temida. Esta é a principal estratégia utilizada no manejo de medos e ansiedades, denominada dessensibilização sistemática. Claro que para isto, a criança precisa estar compreendendo o funcionamento do seu transtorno, bem como já ter desenvolvido recursos para lidar com seu medo. Dentre estes recursos destacam-se a identificação e avaliação de pensamentos, assim como o aprendizado do relaxamento. A Terapia Cognitivo-Comportamental tem sido apontada como o tratamento de escolha no caso das fobias específicas.

sábado, 14 de abril de 2012

Encontro: "Conhecendo a Psicoterapia Cognitivo-Comportamental e Avaliação Neuropsicológica

Objetivo e público-alvo: oportunizar para estudantes de Psicologia e comunidade conhecer estas atividades que vem conquistando cada vez mais pessoas.

Data e Horário: 10 de Maio de 2012 às 19:30min.

Local: NAP (Av. Cel. Frederico Linck, 1186).

Psicólogas Priscilla Schäfer  e Renata Kochhan.

Evento sem custo.

Reserve sua vaga pelo telefone 3035 3606 ou contato@napvs.com.br.




sexta-feira, 2 de março de 2012

Dificuldades para dormir

Psicólogo Tárcio Soares fala sobre a higiene do sono

Por Betine de Paris
 
O que é a higiene do sono?
Higiene do sono é uma série de comportamentos que visam melhorar aqualidade do sono das pessoas. Foi aplicada inicialmente para tratar problemas de insônia, obtendo resultados tão bons que a Associação de Psiquiatria Norte-Americana passou a recomendá-la como um dos principais tratamentos para este problema.
Com o tempo, descobriu-se que o sono tinha um papel importante na regulação do nosso sistema neuroendócrino e que uma pior qualidade de sono poderia levar a depressão, estresse crônico e problemas de aprendizagem. Em crianças, existem evidências de que pior qualidade de sono está relacionada a vários problemas de comportamento e até mesmo prejuízo de crescimento.
Quais são os conselhos para ter uma boa noite de sono?
Antes de falarmos em recomendações de higiene do sono em crianças com  menos de um ano, é importante esclarecer algumas questões sobre bebês. Os recém-nascidos dormem em média 16 horas por dia, mas esses números podem variar bastante, indo de 11 a 21 horas. Nos dois primeiros meses eles ainda não têm um ciclo  bem definido. Isto significa que eles não diferenciam períodos da noite e do dia, dormindo e acordando indiscriminadamente, o que pode ser bastante estressante para os pais. Com o tempo, a criança começa a ter o sono mais regulado, o que geralmente ocorre até o final do primeiro ano de vida. A primeira recomendação é não forçar os bebês a ficarem acordados ao longo do dia visando aumentar o período de sono à noite. Por mais que isto funcione, é importante observar que os bebês precisam de mais horas de sono por dia do que adultos e não entendem porque estão sendo forçados a ficar acordados, o que pode ser uma experiência estressante. Outra prática desaconselhada é o que se chama de “choro-controlado”, isto é, deixar a criança chorando por períodos cada vez maiores no período da noite, de forma que aprenda a dormir sozinha. Esse tipo de treinamento ignora necessidades emocionais básicas da criança.
Regras para crianças de até um ano:
Criar uma rotina fixa para o momento de colocar a criança para dormir, de forma que a criança associe esta rotina à hora de ir dormir.  Se os pais têm o hábito de dar mais de um banho por dia na criança, pode ser útil que o banho antes de dormir seja dado em um lugar diferente dos outros banhos. Quando possível, também é recomendável que o lugar de dormir à noite não seja usado para outras atividades estimulantes ao longo do dia.
É importante também acentuar a diferença entre o dia e a noite através de pistas ambientais, diminuindo a luminosidade e praticando atividades calmas. Alimente bem a criança antes de colocá-la para dormir. Estudos sugerem que um bom período para isto é entre as 22 horas e a meia-noite.
Na hora de colocar a criança para dormir, evite embalar ou dar colo até que esta durma, o que pode criar uma associação indesejável. É comum que crianças recém-nascidas acordem durante a noite e voltem a dormir sozinhas. Ainda assim os pais podem estar presentes e fazer carinho na criança nestes momentos. Quando a criança acordar durante a noite tente diferentes estratégias, você pode  fazer carinho, trocar fralda, acomodar panos e vestimentas, dar uma volta com a criança pela casa, antes de alimentá-la.
Para crianças maiores de 1 ano:
Estabelecer uma rotina que deve começar de 30 a 60 minutos antes do horário em que a criança costuma a dormir. Dar um banho morno antes de colocar a criança na cama. Para crianças com medo de dormir, ler histórias e conversar de forma positiva sobre os medos. Adequar o ambiente da criança para em termos de temperatura,em torno de 24° C, baixa luminosidade, pouco barulho e preferencialmente sem televisão no quarto. É útil restringir o uso da  cama para dormir, evitando estudar e fazer outras atividades.
É importante estabelecer uma hora fixa para acordar e cuidar da alimentação no período da noite, evitando alimentos pesados ou com estimulantes como cafeína. Incorpore a realização de atividades físicas durante o dia, mas não logo antes de dormir, o ideal seria pelo menos três horas antes.
Para adolescentes e adultos:
Dormir apenas o tempo necessário para se sentir descansado. Se com 8 horas já se sente bem, evite dormir mais do que 8, 9 horas, mesmo que não tenha compromisso no dia.
Crie uma rotina de acordar sempre no mesmo horário, independente se for fim de semana ou não e de ter tido insônia na noite anterior. Isso vai ajudá-lo a regular seu ciclo. Se você tem insônia à noite, evite cochilar ao longo do dia.
A prática regular de exercícios ajuda a regular o sono, mas é importante que esses exercícios sejam feitos pelo menos 3 horas antes de dormir. O melhor horário para a prática dos exercícios é pela manhã.
Mesmo que você não repare diretamente, dormir em ambientes barulhentos diminuí a qualidade do sono e pode levar a insônia. Se certifique de que o lugar em que você dorme não tem muitos barulhos. Se o lugar for barulhento, recomenda-se comprar um tapa-ouvidos. Faça um lanche leve antes da hora de dormir. Tome um banho quente e evite estimulantes depois das 18 horas.
Existem medicamentos naturais que podem ajudar a ter uma noite tranquila?
Existem diversos medicamentos fitoterápicos com respostas razoáveis para casos menos severos de insônia. Podem ser aliados úteis no manejo de problemas de sono. Ainda assim, é recomendável que qualquer pessoa com dificuldades persistentes ou severas de sono procure ajuda especializada.
Qual é o motivo dos casos de insônia apresentados por crianças?
Existem muitos motivos que podem desencadear casos de insônia, indo desde doenças físicas e transtornos mentais específicos até hábitos inadequados em relação ao dormir, que são os mais comuns e normalmente advém de práticas parentais também inadequadas. Entre os fatores mais comuns hoje em dia, gostaria de destacar três:
A falta de prática de atividades físicas ao longo do dia;
Ausência de um limite de horário para uso de vídeo-game e internet;
Aimentação pesada e rica em estimulantes no período da noite.
Como convencer a criança a dormir no horário determinado pelos pais?
Se os pais conseguem estabelecer regras, a grande maioria das crianças começa a dormir nos horários desejados. Quando os pais estão com dificuldades de impor ou negociar regras e rotinas em casa, a questão se torna mais ampla, pois envolve mais o manejo de regras e limites gerais em casa do que aspectos relacionados ao dormir. Nesses casos, recomendo busca de ajuda específica para a questão de limites.
A partir de que idade os problemas podem ser detectados?
Casos mais graves de insônia, normalmente causados por outros problemas físicos, já podem ser detectados no primeiro mês de vida, mas geralmente eles só aparecem depois do primeiro ano.
Como regular o sono de uma criança que troca a noite pelo dia?
Varia muito de caso para caso. De uma forma geral, criar uma rotina em que as refeições são feitas aproximadamente no mesmo horário, em que a criança faça exercícios físicos ao longo do dia, restringir o uso de vídeo-games e internet à noite e estabelecer um horário fixo para ela acordar (mesmo que tenha dormido pouco) funciona bastante bem.
Grávidas são mais propensas a insônia?
Sim. Entre os motivos para isto, podemos destacar mudanças em padrões hormonais, dor nas costas, necessidade aumentada de urinar e o próprio movimento do bebê. Como a insônia pode gerar estresse, que por sua vez pode prejudicar a gravidez, é recomendável que gestantes com insônia procurem auxílio especializado. Entretanto, a grande maioria dos tratamentos usuais para insônia não podem ser usados na gravidez por risco de prejudicar o bebê e a gestação. Nesses casos, a literatura indica terapias de orientação cognitivo-comportamental e acupuntura como abordagens eficazes.


Fonte:http://www.maesaobra.com.br/2012/02/27/psicologo-tarcio-soares-fala-sobre-a-higiene-do-sono/

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A psicóloga Marina Gusmão Caminha fala sobre trabalho com pais na clínica cognitiva infantil

                              Foto Priscilla Borges
 
                              Por Paula Tweedie

No dia 24 de novembro seu curso pré-jornada em Terapia Cognitivo-Comportamental em Novo Hamburgo será sobre o trabalho com pais na clínica cognitiva infantil. Como se dá esse trabalho com pais?
O trabalho clínico com pais é inerente quando se pensa em intervenções na clínica infantil. Na abordagem cognitivo-comportamental existem três modalidades de intervenções com pais: na primeira são meramente facilitadores, trazendo informações do funcionamento da criança e da família e pouco interagindo no tratamento da mesma. Na segunda os pais são co-clínicos, o que permite que eles estejam atuando junto ao terapeuta seguindo tarefas de casa, monitoramentos semanais e mesmo aplicando algumas intervenções guiadas pelo terapeuta. Na terceira modalidade os pais são os próprios clientes ou pacientes. Esse será o foco principal do curso que é destinado a psicólogos, terapeutas, psicopedagogos e psiquiatras. Nessa modalidade o profissional avalia o problema que a criança apresenta e quando percebe que é um problema de manejo dos pais, busca orientar esses pais para que eles possam modificar os seus padrões comportamentais e, assim, construir mudanças comportamentais nessas crianças buscando melhores resultados na interação familiar.

Os pais que não modificam seus padrões de funcionamento conseguem ver resultados nos seus filhos?
Os pais que buscam tratamento para seus filhos e não estão dispostos a repensarem suas condutas como pais acabam por tornar mais difícil a mediação do terapeuta. O tratamento com crianças envolve o que chamamos de uma prática sistêmica, ou seja, temos de compreender o comportamento que a criança vem apresentando dentro de um contexto mais amplo, não apenas a observação do comportamento infantil de modo isolado. Assim sendo é muito importante que os pais aprendam a se implicar no problema que a criança vem apresentando, tanto que nós terapeutas temos a prática de orientar os pais a dizerem para os filhos algo como: “nós estamos com um problema e por isso estamos procurando um terapeuta que é uma pessoa que poderá nos ajudar, iremos consultar com ele até que o nosso problema esteja solucionado”.
Em suma, pais que levam os filhos a um terapeuta não implicados naquilo que está ocorrendo com eles se tornam uma resistência maior para que o terapeuta consiga atingir suas metas terapêuticas.

A punição é importante no processo educativo infantil?
A tolerância a frustração é uma importante etapa do desenvolvimento para que as crianças consigam desenvolver saúde mental. A partir da capacidade de se frustrar desenvolvemos limites, desenvolvemos maior empatia e consequentemente maior fluxo social e reciprocidade nas relações.
Muitas vezes processos restritivos são operados através da punição. Não devemos confundir, entretanto, punição com bater na criança. Este tipo de punição deve estar fora de qualquer processo educativo pois algo que ela ajuda efetivamente a ensinar é o aumento do fluxo da violência interpessoal.
Falamos tecnicamente do que chamamos de punição positiva, ou seja, aquele tipo de punição que restringe algo a criança a partir de uma conduta inapropriada apresentada pela criança. Num processo terapêutico o terapeuta juntamente com os pais elabora um processo restritivo a criança conforme a sua realidade e de modo apropriado. Punição, mesmo a positiva, deve ser utilizada em doses bem baixas, caso contrário, aumentamos em demasia o processo aversivo no desenvolvimento da criança.

Sabemos que educação não é uma receita de bolo, mas o que poderiam ser dicas interessantes que auxiliassem os pais na interação com seus filhos?
Penso que uma dica importante é o elogio. Tenho certeza de que a maioria dos pais não tem noção do quanto o elogio ajuda a criança a desenvolver-se de modo sadio. Percebo muitos pais que acreditam ser desnecessário elogiar seus filhos, por exemplo, quando apresentam um bom desempenho escolar. A frase mais comum: “para que elogiá-lo nisso se justamente esse é o seu único compromisso?” A criança tem no olhar dos pais a referência do certo ou errado, e mais do que isso, a referência daquilo que seria importante acreditar ou mesmo investir. Pais devem elogiar seus filhos, não pelo fato de estarem bonitos ou simplesmente serem inteligentes, mas sim pelo esforço que fazem, pelo seu empenho nos estudos, pela sua criatividade em resolver problemas, pelo modo como tratam as pessoas, a natureza, os animais e pelos resultados que alcançam, de modo individual ou coletivo.
Além do elogio como reforço de um comportamento esperado, acredito que outra dica importante diz respeito ao tempo e ao tipo de interação entre pais e filhos. Brincar com os filhos é algo que tem um valor inestimável. Pode-se afirmar que pais que destinam um tempo diário para brincar com seus filhos e aproveitam esse tempo para elogiarem e reforçarem os comportamentos adequados no brincar são pais que ajudam seus filhos a priorizarem os relacionamentos, a entenderem regras e a fortalecerem os papéis e os vínculos familiares.

Com relação à jornada de terapias cognitivas que ocorrerá nos dias 24 e 25 de novembro no vale dos sinos. Qual o seu propósito?
É a primeira vez que promovemos um evento de terapia cognitiva que foge da capital e proporciona a pessoas de outras regiões a difusão de uma modalidade de terapia que é atualmente calcada em fortes bases científicas e é considerada nos dias de hoje uma estratégia terapêutica de primeira escolha para o tratamento de inúmeros transtornos mentais. No dia 24, quinta-feira, à noite haverá quatro cursos pré-jornada. Além desse aqui comentado, terá um curso ministrado por Renato Caminha sobre as principais ferramentas que temos desenvolvido (Baralho das Emoções e Baralho dos Pensamentos), as quais treinamos a equipe Australiana da Dr. Paula Barrett, que desenvolveu o Programa Friends e que estará utilizando essas ferramentas em seu Programa. Também haverá um curso sobre o Treinamento de Habilidades Sociais com a psicóloga Neiva Tein. E ainda, dentro de um tema muito debatido nas escolas e na própria clínica ultimamente, o assunto Bullying, dentro da perspectiva da prevenção e da intervenção, com Vinícius Dornelles. No dia 25 de novembro, renomados nomes da Terapia Cognitivo-Comportamental estarão discutindo assuntos em conferências e mesas com o foco principal nos Transtornos de Humor, de Ansiedade e Transtornos Alimentares. O encerramento da jornada será com o Dr. Luiz Carlos Prado que abordará o tema da infidelidade e do tratamento da terapia cognitivo-comportamental com foco nos casais.